domingo, 7 de dezembro de 2008

As últimas mais belas entrevistas do Entrevistador e Escritor Ademir Pascale com esses dois magníficos Autores: Robeto Causo e André Carneiro.

Entrevista com Roberto Causo
Ademir Pascale: Primeiramente, agradeço por aceitar a entrevista. Para iniciarmos, gostaria de saber como foi o início de Roberto Causo na literatura.
Roberto Causo: Eu é que agradeço o seu interesse. Depois de um falso começo, quando eu tinha uns 16 anos, peguei firme na escrita meio que por acaso. Saindo do Exército em 1985, eu procurava o que fazer, além de ajudar meu pai no comércio dele em Sumaré, interior do Estado de São Paulo. Acabei integrando um clube de literatura organizado pela biblioteca municipal da cidade, na tentativa de produzir, com ajuda da biblioteca, um fanzine de FC. Uma das primeiras atividades do clube foi uma oficina literária. Eu me sentia embaraçado de participar sem nada para ser avaliado pelo grupo, então acabei escrevendo um conto de FC, que foi muito elogiado pelo coordernador — um jornalista e escritor de Campinas cujo nome não me lembro mais (isso foi em 1985). Mais tarde, meu segundo conto, “A Última Chance” ficou em segundo lugar numa das etapas do Prêmio Fausto Cunha do Clube de Ficção Científica Antares, e isso também me estimulou, me fez acreditar que eu tinha algum potencial. Esse conto seria publicado em 1989 na revista francesa Antarès — Science fiction et fantastique sans frontieres, minha primeira história num veículo profissional. Desde então não deixei de publicar pelo menos um conto por ano, nos mais diversos veículos — jornais literários, revistas masculinas ou de quadrinhos, e até em antologias e revistas de FC propriamente, no Brasil e no exterior. São, no momento, cinqüenta histórias publicadas em dez países. Em 1991, minha noveleta “Patrulha para o Desconhecido” foi uma das três classificadas no Prêmio Jerônimo Monteiro, o primeiro concurso nacional de FC, e isso também foi um incentivo. Meu primeiro livro de contos, A Dança das Sombras, apareceu em Portugal em 1999. Mas foi apenas a partir de 2003, com meu livro Ficção Científica, Fantasia e Horror no Brasil: 1875 a 1950, lançado pela Editora da UFMG, é que passei a ser resenhado na imprensa. Meu último livro é a ficção científica O Par: Uma Novela Amazônica (2008), que venceu o Projeto Nascente 11, um concurso promovido pela Pró-Reitoria de Cultura da USP e pelo Grupo Abril de Comunicações. Saiu pela Associação Editorial Humanitas, da Faculdade de Letras da USP. (...) Veja mais... http://www.oentrevistador.com.br/entrevista15.html



Entrevista com André Carneiro
Ademir Pascale: Não poderia deixar de lhe agradecer imensamente por ter aceitado esta importante entrevista comemorativa que atinge a marca de 100 entrevistas que realizei em um período de quatro anos. Para iniciarmos, gostaria de saber como foi o início de André Carneiro na literatura.
André Carneiro: Infelizmente, não fui influenciado por nenhum parente ou amigo que me incentivasse para as artes e a literatura. Essa circunstancia sempre ajuda e apressa uma carreira. Desde muito criança eu lia muito, de tudo e até revistas argentinas, o portunhol é uma língua que os brasileiros nascem sabendo. Comecei escrevendo crônicas e alguns artigos, só pelo prazer de escrever. Não pensava em publicar. O diretor de um jornal de Bragança (SP), cidade próxima de Atibaia onde eu morava, soube por coincidência e me pediu uma colaboração. Dei uma delas, já pronta. O dono de um jornal de Atibaia soube, pediu-me também. No domingo saíram dois artigos meus, diferentes, um em cada jornal. Daí em diante não mais parei.
Ademir Pascale: Como foi publicar e trabalhar no jornal literário TENTATIVA nas décadas de 40 e 50, com os autores Sérgio Milliet, Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Vinícius de Morais e outros, além de ser citado em grandes jornais e revistas pelos grandes Carlos Drummond de Andrade, Ferreira Gular, Oswald de Andrade, Bernard Lorraine, etc.?
André Carneiro: O poeta e articulista político Domingos Carvalho da Silva “descobriu-me” pela colaboração em Atibaia. Estávamos na ditadura de Getúlio. Felinto Müller, o chefe de Policia, tinha expatriado a mulher do comunista Luiz Carlos Prestes para a Alemanha de Hitler, onde morreu em campo de extermínio judaico. Eu atacava a ditadura com incrível coragem. Domingos impressionado convidou-me para colaborar em um jornal de São Paulo, onde logo conheci os maiores escritores e artistas. Fiquei amigo de Oswald de Andrade. Seja anotado que minha coragem resultava da minha inexperiência e do jornal de Atibaia ser praticamente desconhecido fora. Logo aprendi que a grande imprensa combatia a ditadura debaixo da maior pressão. Meus “corajosos” artigos de Atibaia, eles não tinham condições de publicar.TENTATIVA, o meu jornal literário, nasceu de um conjunto de circunstâncias e coincidências, até um certo ponto provocado pela censura ditatorial cerceando a atividade dos melhores jornais do país. Houve uma grande diminuição dos Suplementos Literários dominicais e as revistas literárias praticamente desapareceram. Eu tinha 27 anos. Junto com um amigo com dez anos menos (César Mêmolo) e minha irmã Dulce Carneiro com 18, lançamos de Atibaia um jornal literário com o titulo de TENTATIVA, desenhado pelo grande Aldemir Martins, recentemente chegado do Norte, mas já com bastante prestígio. Quem quiser pesquisar a história de “Tentativa” hoje, pode fazê-lo facilmente. Nas melhores bibliotecas oficiais deste país encontrarão em formato de livro, um fac-simile de todas as edições do meu jornal, feitas pela Imprensa Oficial de São Paulo, trabalho organizado por Araceles Stamatiu, diretora do Museu Histórico de Atibaia, em 2007. Explica-se facilmente a importância logo adquirida pelo jornal. O primeiro número vinha com uma apresentação em manchete de Oswald de Andrade. (A pronúncia correta do seu nome é Oswalde e não Óswald, com acento na primeira sílaba, como no inglês). Em pouco tempo tínhamos correspondentes especiais mandando colaboração de Paris, Lisboa e Buenos Aires, numa tentativa de união com o mundo intelectual sul-americano, fato que, infelizmente não teve nenhuma continuidade até hoje. Tentativa tinha representantes nas principais capitais brasileiras. Nele colaborava a primeira linha dos escritores nacionais, escritores franceses e portugueses. (...) Veja mais... http://www.cranik.com/entrevista100.html

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