domingo, 8 de fevereiro de 2009

Leia o CONTO - LÁGRIMAS DE SANGUE de Evandro Guerra

É noite alta e o vento sopra - nem quente e nem frio. O firmamento escuro mostra-se repleto de estrelas e exibe uma lua grande e brilhante, aparentando estar gorda e pesada. O mar está calmo e o silêncio fala agressivamente. Destacada pela luz prateada da lua, a criatura se mantém imóvel, em pé no topo da montanha. Melancólica, tem o olhar fixo nas pequenas marolas. Sua feição facial e suas asas recolhidas revelam tristeza aparente. Intrigou-se ao sentir um fio de lágrima escorrer por seu rosto descorado. Secou-a com os dedos. Surpreendeu-se ao perceber que o líquido expelido de seus olhos era vermelho como sangue. Desde que mergulhou no mundo das trevas, foi a primeira vez que viu sua própria lágrima.
Afundado numa depressão avassaladora, pensamentos angustiantes povoavam-lhe o cérebro. Sente-se como um deserto sem vida, uma pedra oca; um fantasma sem tarja de vivo ou morto. Em pleno desespero, roga aos deuses para que intercedam por sua alma perdida. Procura redenção. Mas é tarde.
Neste momento, o vento sopra sensivelmente mais forte. Ele pode sentir a quase imperceptível mudança no ar. Sabe que em breve amanhecerá. Depois de um suspiro, fracassado, olhou à sua volta. Relembrou que foi neste lugar, que há 300 anos atrás, fez sua escolha. A paisagem não mudou muito, mas para ele, particularmente, muita coisa mudou. Se pudesse voltar no tempo faria tudo diferente. Com certeza não cometeria os erros do passado. Respeitaria as leis dos homens, criada pelos deuses. Em vida cometeu crimes, crimes graves que o levaram a uma condenação de morte. Foi exatamente ali, diante daquele mesmo mar, que sua humanidade foi perdida. Foi onde o atrelaram e deixaram para morrer. Mas algo que seu povo não espera ocorreu. Quando o condenado sentia atingir o ápice da dor, um ser das trevas explendorosamente surgiu e ofereceu-lhe além de resgate, uma proposta irrecusável: poder ilimitado para se vingar. “Armas mortais não poderão te causar dano. O ar, o mar, o fogo e os elementos da natureza nada poderão contra ti. A imortalidade espera-te... Farei de ti a lâmina que corta a carne, a rocha que aplaca as ondas... Vinga-te e faz do mundo uma cova de cinzas.”

Para saber mais...



2 comentários:

MÁRSON ALQUATI disse...

Olá Elenir, o endereço para o conto do Evandro está errado, o que consta no seu blog redireciona o usuário ao comentário do JP Balbino para o meu livro "ETHERNYT: A GUERRA DOS ANJOS" e não para o referido conto.
Aproveitando, gostaria de convidá-la entrar para a família do blog ETHERNYT, tanto você quanto o Ademir. Um forte abraço.

Elenir Alves disse...

Olá Márson! Seja bem-vindo! Obrigada pelo o aviso. Abraço de estrelas